Outro dia estava no meio desse trânsito infernal de São Paulo e vi um adesivo que me chamou a atenção em um BMW X5: “Se a CRISE está ruim pra mim, imagine pra você”. Pois é, o adesivo refletia perfeitamente a situação atual de milhões de brasileiros que estão apertando cada vez mais o cinto diante do agravamento da crise. O Brasil tem conseguido se equilibrar até o momento, apesar dos últimos meses terem acontecido mais demissões do que contratações no mercado nacional. Logicamente, a queda 3.5% do PIB, foi como um soco no estômago do governo, que acreditava, um dia antes do anúncio da desaceleração da indústria, um crescimento surreal de 4% em meio a turbulência mundial. Nessas horas eu me pergunto como os “gênios” do governo, que estão entre os melhores em suas profissões, chegam a esses números? Ou então trabalham com especulações imaginárias para criar uma utopia otimista e populista na sociedade?
Mas não perdendo o foco com nossos responsáveis governantes, vamos voltar para a linha de raciocínio do cidadão com um carro de mais de 400 mil reais reclamando da crise. Para nós, reles mortais, dirigir um patrimônio de quase meio milhão é um capricho surreal, já que só os impostos e seguro de um automóvel como esse seriam equivalentes a quase todos os impostos de uma família de classe média. Porém, os ricos também sofrem com a crise. E de maneira tão profunda que chega a ser inacreditável a montanha de dinheiro queimada em tão pouco tempo.
A revista Forbes, que geralmente divulga a lista das pessoas mais ricas do planeta, ou seja, os bilionários – sim, meu filho, o termo milionário já é uma classe mais baixa de rico – publicou em sua edição deste mês que o Multibilionário russo, Roman Abramovich, dono do clube inglês Chelsea entre outras companhias siderúrgicas, é o líder de um ranking dos que mais perderam dinheiro desde o início da crise. Segundo a revista, até o presente momento o russo já viu esvair de suas contas cerca de um quarto de sua fortuna total, ou 12 bilhões de libras (aproximadamente 39 bilhões de reais).
A empresa da qual Abramovich é sócio, a siderúrgica russa Ervraz, entrou numa catástrofe intangível passando seu capital de 3.6 bilhões de libras para 324 milhões de libras. Uma de suas outras empresas, a investidora Millhouse, teve praticamente varrido o capital de 3 bilhões de libras, sendo que seu pico já havia chegado a cerca de 4.5 bilhões de libras. Suas propriedades em Londres, algo em torno de 150 milhões de libras em casas, está abaixo dos 30 por centro. Além disso, acumuladas as perdas do Chelsea chegam a um montante de 65 milhões de libras.
Abramovich só perde para um para um empresário da indústria farmacêutica, que desde o início da recessão perdeu pelo menos 83% de sua fortuna bilionária. A Forbes revela ainda que dos 793 bilionários espalhados pelo mundo (eu, naturalmente, não sou um deles) 656 tiveram prejuízos e apenas 44 conseguiram aumentar sua riqueza contradizendo o pessimismo do cenário mundial.
Pois é amigos, quando ver um rico reclamando, não o julgue achando que ele tem demais e não vai sentir falta das suas perdas. A queda dessas pessoas é bilhões de vezes mais profunda que a nossa.
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