Você está andando nas ruas do seu país, da sua cidade, do seu bairro, ou qualquer outro lugar de sua origem e sofre um tipo de preconceito: religioso, racial ou sexual. Após essa agressão, o que você aprende? No mínimo - veja bem, na menor das hipóteses - que pessoas que praticam qualquer tipo de preconceito contra outro ser humano são vazias de sentimento, atrasam o progresso da humanidade e prejudicam a si mesmas com ideais racistas enterrados há muito tempo na história da vergonha.
Quem sofre qualquer tipo de discriminação aprende a lutar contra isso. Protestando, se indignando e lutando da maneira mais eficaz contra esse veneno: ocupando seu espaço, queira ou não essas pobres pessoas alienadas e atrasadas. Existem pessoas sim, nesse mundo, que servem de exemplo de luta contra certos preconceitos. Talvez, nos últimos anos, o maior símbolo disso foi Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, que passou quase 30 anos na cadeia por lutar contra o Apartheid, um sistema de segregação racial onde a minoria branca controlava a grande maioria negra. Foi um marco de perseverança e vitória contra esse regime que caiu nos anos 90, libertando Mandela e dando a ele a presidência do país. É o que existe de mais recente em relação a luta contra o preconceito.
Apesar da luta, da história, da vitória, a África do Sul nessa semana provou que não aprendeu nada sobre discriminação. Simplesmente jogou numa vala comum todos seus princípios e ideais sobre um país justo, direito e igualitário. A próxima sede da Copa do Mundo em 2010 inacreditávelmente proibiu o líder espiritual tibetano, Dalai-Lama, de entrar em Johannesburgo (capital do País) para uma Conferência de Paz. Segundo um porta-voz do encontro, não é viável a visita de Dalai-Lama porque a África do Sul não quer prejudicar suas relações comerciais com a China - país que alega ser dono do Tibete e pressiona (utilizando muitas vezes a força bruta) cada vez mais os monges e o líder tibetano a desistirem da independência da região.
Para África do Sul, as relações comerciais com a China são muito mais interessantes e beneficentes ao país do que a de Dalai-Lama, que já recebeu o Prêmio Nobel da Paz. É irônico, mas é verdade. Dalai-Lama não é bem-vindo na África do Sul para a Conferência de Paz, um país que recebeu a solidariedade do mundo todo na sua luta contra a discriminação e o preconceito. Não querem ser malvistos com seus principais aliados comerciais, ainda mais agora com a Copa do Mundo tão perto e o dinheiro vindo da China será vital para o término das obras do mundial.
Que vergonha, dona África, vocês não aprenderam nada sobre discriminação, desrespeito, solidariedade e caráter. Vocês deram uma lição de preconceito e humilhação da pior estirpe. A China viu e certamente agradeceu. Porém, não se esqueça que o mundo também viu e a resposta quanto a isso será bem mais rápida e direta. O caráter e os ideais civis dos líderes sul-africanos que proibiram a entrada de Dalai-Lama são tão pálidos quanto a cor da pele dos piores exemplos que já governaram esse país.
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