segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Quando um erro não justifica outro

Eu não sei de onde vem a ideologia brasileira de proteger um terrorista. O Brasil vem causando um mal-estar diplomático com a Itália para conceder asilo político ao ex-militante esquerdista Cesare Battisti, o qual foi condenado a passar a vida na cadeia pelos assassinatos que cometeu e participou nos anos 70.

Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, que também já se portou com um esquerdista-extremista sendo, inclusive, porta-voz do Partido Revolucionário Comunista (PRC), o Brasil só está exercendo seu direito de soberania. Muitos juristas acham que o ministro está corretíssimo na sua decisão, mesmo contrariando o CONARE e o Itamaraty. Não faltaram protestos dos italianos e, em contrapartida, declarações inflamadas por parte do ministro que chegou a citar o caso de Salvatore Cacciola, quando se refugiou na Itália para escapar de um processo no Brasil. Os italianos não quiseram deportar seu cidadão.


Fica parecendo certo revanchismo, mas o caso de Battisti nem se compara ao de Cacciola. Ambos cometeram crimes gravíssimos, ambos fugiram e ambos acabaram presos. A diferença é que Cacciola era Italiano vivendo na Itália, o que impede uma extradição; e Battisti um italiano fugindo no Brasil, o que o coloca na posição de fugitivo e não de refugiado. Existem diferenças grosseiras nesse ponto, se é isso que o ministro quer justificar quando declarou que a Itália também fez vistas grossas a deportação de Cacciola.


Não vejo vantagem para o Brasil dar asilo a um cidadão como esse. O País tem mais a perder do que a ganhar. Já que sempre será visto como um País que abriga assassinos condenados pela justiça. Se for uma briga de egos, o Brasil já saiu perdendo, pois quem julga essa medida da justiça é o mundo e não somente a Itália.


O que mais me choca, não é o fato de uma decisão tão descabida apoiada na “soberania”, mas o simples fato da justiça brasileira ter sido tão ágil para deportar dois boxeadores cubanos que haviam desertado durante os jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007. Eles não haviam matado ninguém, apenas não suportavam mais viver sob o regime da Ilha de Fidel.


A minha maior dúvida é, depois desse asilo, esse cidadão ser libertado e ficar numa prisão domiciliar. Vai ser uma dor de estômago nos italianos que não vai passar tão cedo. Eu só espero que tranquem muito bem o senhor Fernandinho Beira-Mar, o senhor Daniel Dantas, o senhor Marcola, o Senhor Salvatore Cacciola, e todos aqueles que devem passar alguns anos sob a nossa hospitalidade carcerária. Acredito que, se essas pessoas um dia escaparem, um refúgio muito mais elegante pode ser uma lógica opção.

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