quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Política dos famintos

Há quem critique o governo Lula pelas medidas populistas que, consequentemente, se tornam grandes bandeiras eleitorais do governo. No entanto, a ajuda oferecida aos menos favorecidos através do programa Bolsa Família chega a ser vergonhosa quando analisamos os números.


Muitos criticam achando que o governo gasta uma montanha de dinheiro à toa com esse programa, já que a quantia é tão ínfima que a maioria dos céticos ou pessoas com uma condição social bem longe da linha da pobreza, gasta muito mais que esse valor numa refeição em um bom restaurante. O dinheiro parece ser inexpressivo diante das inúmeras necessidades que uma família possui, porém ele garante alimentação básica para muitas pessoas que não tem nenhum tipo de renda.
Vamos seguir os números. O benefício, que era de R$ 120 vai ter um reajuste de cerca de 14%, passando o valor para uma família média de até 4 pessoas para R$ 137. Pegue esse número o divida por 30 dias e você chegará a realidade R$ 4,50 por dia. O que se compra com 4,50 por dia para quatro pessoas? O pão e o leite do café, sendo que cada integrante poderá comer cerca de dois pães e um copo e meio de leite por dia. Se a mesma família for à padaria e tomar o tradicional pingado com pão na chapa, cada integrante poderá consumir um magro café da manhã. E como fica o almoço, o jantar, a vestiário, a saúde, a educação, etc?


A dura realidade se torna ainda mais escassa, quando dividimos os míseros R$ 4,50 pela mesma família média de quatro pessoas. O valor chega a ser tão humilhante quanto ao de uma esmola obtida em um farol: R$ 1,14. É com esse tipo de valor que cada membro dessa família pobre, sem estudo, sem plano de saúde, sem casa própria, sem cultura e sem vida vai passar o mês dela. Com pouco mais de um real por dia. Como devemos reagir à ajuda do governo? Fazer como a maioria desses colunistas intelectuais de grandes jornais, que devem receber umas 100 vezes o valor de uma Bolsa Família, e acusar o governo de fazer “manutenção” com os pobres, que são seus principais eleitores? Criar bordões ridículos como “Bolsa Esmola” para se sentir superior as manobras governamentais? Lamentar com seus amigos sobre seu dinheiro sendo mal gasto com um programa que não faz ninguém evoluir? Não, meus caros, acho que isso tem o mesmo sabor de quem tem que sobreviver com R$ 137 por mês: é amargo.

O governo tem que incentivar mais, criar mais empregos, mostrar caminhos à essas pessoas e, principalmente, filtrar melhor quem recebe o benefício. Se o governo, baseado em pesquisas, acha que aumentar o Bolsa Família em míseros 14% vai atenuar os efeitos da crise, ele está enganado. Dezessete Reais não irão alterar a esperança de ninguém. Muito menos de pessoas que estão acostumadas com a fome.

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