O furacão finalmente - e infelizmente - chegou. Depois das nuvens negras fecharem o céu colorido que só o presidente Lula conseguia enxergar, a crise começou a bater na porta dos brasileiros. Os primeiros afetados, como não poderia deixar de ser, foi a indústria automobilística, que emprega milhões de trabalhadores no mundo inteiro.
Para ser mais específico e não tão apocalíptico como prega o governo contra as pessoas que se informam e leem jornal (sim, eu não sinto azia ao ler jornal e revistas), vou comentar apenas a triste situação que GM de São José dos Campos vem passando. No início da semana, a empresa que anda mal das pernas há muito tempo, resolveu aplicar sua segunda (e a pior delas) ação mediante a queda de produção de veículos: demitir 744 funcionários temporários.
É um número expressivo de trabalhadores em uma única empresa que emprega mais de oito mil pessoas. Esse é o segundo lote daquilo que os empresários chamam de pacote anti-crise. O primeiro aconteceu em meados de dezembro, quando alguém dava declarações perguntando “que crise?”, com as férias coletivas. O governo se mexeu um pouco meio atrasado e reduziu o IPI com objetivo de aquecer as vendas de carros no país. Houve um suspiro em um mês que esperavam o pior. Mesmo assim, a GM ainda teve uma queda de vendas em relação ao mês anterior, com os impostos integrais.
As pessoas foram demitidas sob alegações que não existia alternativa, com o risco de a empresa poder quebrar. O sindicato dos metalúrgicos faz sua parte, protesta e apresenta propostas que me faz indagar como certas idéias são possíveis? Uma forma do sindicato conseguir a atenção da empresa são as paralisações, que são quase diárias e utilizadas com assembleia para se decidir os próximos passos de protesto e negociações com os patrões.
· Os Metalúrgicos querem que a GM readmita todos os funcionários demitidos e garanta estabilidade de emprego para todos. Os patrões alegam que a medida é impossível, já que não existe trabalho para essas pessoas e consequentemente não há faturamento para se fazer os pagamentos.
· Os empregados querem evitar um novo pacote demissões mais à frente, por isso exigem estabilidade de emprego. A GM não garante emprego a ninguém, já que não sabe a intensidade dessa crise e o tempo que ela vai durar.
· A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)sugeriu que as empresas reduzam a jornada de trabalho e, naturalmente, os salários como forma de manter os empregos dos trabalhadores. Os metalúrgicos repudiaram a ideia.
· Os sindicatos prometem pressionar o governo para intervir junto as empresas para evitar as demissões. O governo diz que o Brasil está preparado para o furacão, mas observa de camarote as filas de pedido de seguro desemprego crescerem vertiginosamente.
Fico com medo, como qualquer outro assalariado desse país, mas não vi até o momento nenhuma medida eficaz de combate a crise do governo. Não vi diminuição da carga tributária (exceção o IPI), mas um turbilhão de impostos lançados na minha casa com valores de IPVA, por exemplo, com valor do meu carro ainda valorizado.
O governo ficou inerte até onde deu e quando viu a comoção de especialistas (que leem e utilizam a lógica) rejeitou o discurso dizendo que aquilo era terrorismo de quem torce para que o governo se dê mal. Pois é, não precisávamos de especialistas alertando, o que vemos hoje era inevitável. Demissões iriam ocorrer sim e muitos trabalhadores vão sofrer para se recolocar no mercado. O problema não eram os videntes apocalípticos e sim os cegos, que além de não enxergarem a placa de advertência de perigo, foram surdos em ignorarem os gritos daqueles que queriam é ajudar.
Mudos? Nunca. A oratória é sempre confiante e marcante. Comprem, consumam, utilizem suas reservas, façam dívidas razoáveis e, assim, garantam seus empregos. Quem está em uma fila de Caixa Econômica Federal essa hora deve estar pensando em cada palavra dessas. O emprego se foi, mas as contas e os impostos estão todos aí.
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