
Com o burburinho causado
pelo livro e o filme, Welsh não perdeu a pegada de dar um novo rumo na vida
desses jovens e continuou a história com dez anos mais tarde, quando quase
todos personagens do primeiro livro sobrevivem e, milagrosamente assumem novas
características em suas vidas pessoais. Naturalmente, figuras fadadas ao
fracasso, crime e prostituição seguem seus instintos naturais num cenário
gótico e úmido, o qual Welsh descreve muito bem. As histórias se desenrolam em
atos na Escócia, Inglaterra e Holanda, aonde cada personagem vai se enquadrando
em um objetivo comum: a pornografia.
Diferente do primeiro livro,
Sick Boy é o protagonista da vez, deixando o ex-amigo e traidor Rents em
segundo plano. A idéia agora, além de reaver o dinheiro roubado por Rents, é se
afundar numa indústria de sexo amador com ambicioso profissionalismo movido
pela perversão. As drogas não ficam de fora, mas Welsh dessa vez explora um
novo tipo de violência, em que a sacanagem é apenas a porta de entrada para o
submundo dos filmes pornôs.
O livro é denso, detalhista,
provocante e perturbador em certos momentos, o que foi uma tarefa difícil, mas
não impossível, para adaptá-la para o teatro. Desde o dia 09 de fevereiro, no
Vegas Club, em São Paulo. Eduardo Ruiz apresenta a obra de Welsh. Coube ao
diretor Gustavo Machado a tarefa de criar uma atmosfera independente do cinema
para essa turma dez anos depois. Com elenco afinado, o espetáculo — lançado na
balada Vegas e agora ambientado no Studio SP da Vila Madalena — tem vida
própria. Entre carreiras de cocaína, Sick Boy (o ator Sérgio Guizé) cuida de um
boteco. Spud (papel de Fábio Ock) se vê impotente diante do mundo. Franco
(Guilherme Lopes), recém-saído da prisão, procura um rumo. Renton (Pablo
Sgarbi) tenta outra vez se dar bem. Outras figuras se interligam ao quarteto na
produção de um filme pornô. É imperdível para os fãs do filme e para quem não
tem medo de observar a decadência do ser humano em estado avançado.
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