Igual a um clichê de filme de baixo orçamento, eu encontrei o livro do americano Christopher Moore recentemente em uma grande livraria de São Paulo, tentando passar despercebido com seu livro de cor lilás ou roxa, que lembra muito bem a cor do terceiro uniforme do Corinthians. O instigante Um trabalho Sujo conta a história de Charlie Asher, um cara bastante normal. Um pouco avoado, neurótico acima da média, um tanto hipocondríaco. Ele é o que se conhece por Macho Beta: o tipo de sujeito que consegue se safar sendo cuidadoso e persistente. Aquele tipo que aparece no momento certo para consolar a garota que levou um pé na bunda do maior,mais alto,mais forte Macho Alfa. As pessoas “batem as botas” perto dele, corvos gigantes se empoleiram na fachada de seu prédio, e parece que, em todo canto que ele vai, forças malignas lhe sussurram dos canos de esgoto. Nomes desconhecidos começam a aparecer na agenda de Charlie e, antes que ele se dê conta, essas pessoas já partiram desta para melhor. E assim, nosso protagonista foi recrutado para um novo trabalho, bastante desagradável, mas absolutamente indispensável, e seu patrão é nada mais nada menos do que a Morte.
Ao longo da vida, a maioria das pessoas imagina a profissão que vai ter ou aquela que poderia ter tido. De todas as opções, uma certamente seria impensável: tornar-se um funcionário da Morte. Pois bem. Com muitos anos de uma vida tranqüila e estável, caberá a Charlie Asher essa função estranha, maluca e grandiosamente divertida.
O autor já é muito conhecido e cultuado nos EUA com mais de dez livros, e já havia pintado por aqui após falar da juventude desregrada de Jesus em O Cordeiro. Nesse trabalho, além de uma história hilária, apresenta personagens divertidíssimos, como os ajudantes de Charlie na loja, Ray, um ex-policial viciado em pornografia virtual e Lily, uma adolescente problema que gosta de se vestir de maneira despojada, se maquiar como gótica e enxergar o mundo com extremos mal humor e ironia.
A grandeza de Moore nessa obra está em não transformar o humor em algo idiota e previsível, ou seja, o desgastado pastelão. Sua maneira ágil de pensar em diálogos rápidos, ácidos e, muitas vezes, de uma vulgaridade infernal, o fazem parar diversas vezes para respirar para as próximas risadas. Moore é genial, excêntrico - pode ter certeza que ele sabe disso – e deliciosamente criativo. Me faz refletir se uma obra dele na mão de Tarantino não se tornaria algo brilhante.
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